Em conversa com o Louisiana Channel, a arquiteta alemã Anna Heringer descreve a forma como trabalha e sua abordagem multidisciplinar à prática arquitetônica. Crescendo em uma pequena cidade na fronteira austro-bávara próxima de Salzburg, Heringer passou um ano morando e trabalhando em Bangladesh aos 19 anos, um lugar que agora abriga a maioria dos projetos de seu escritório. Heringer se descreve como uma mistura de coisas, além de ser arquiteta, afirma ser uma ativista e uma desenvolvedora - usando sua criatividade para explorar ideias em uma variedade de formas e mídias.
Como arquiteta, Anna está muito consciente do valor de compreender o contexto local e o sentido de lugar ao realizar um novo projeto, vinculando à sua paixão por criar respostas arquitetônicas baseadas na sustentabilidade. “Para mim, é fundamental que os materiais sejam locais, as fontes de energia sejam locais e, com as fontes de energia, penso no trabalho humano”, reiterando que se não for utilizado trabalho humano, "criamos um problema social". Com a importância do know-how local e das técnicas de construção locais, Anna também é firme quanto ao uso de materiais da região, que são mais ecológicos e têm menos energia incorporada. "Temos materiais locais fantásticos em todo o mundo, só precisamos ver e estar ciente deles. Menos concreto, mais terra - não podemos continuar a construir como fazemos. Aqui na Alemanha, descobri que a solução mais barata é sempre a menos sustentável, enquanto em Bangladesh a solução mais barata também é a mais sustentável".
Detalhando seu trabalho em Bangladesh, Anna percebe o valor do compartilhamento de conhecimento em um contexto multicultural - onde além de "sustentabilidade ser sinônimo de beleza", a arquitetura também pode desempenhar um papel em uma escala social, como ela explica usando o exemplo do projeto Escola METI. Os construtores do projeto, com os salários que ganharam, investiram esse dinheiro de volta na comunidade local, comprando bens nos mercados locais.
Acredito que a arquitetura é uma ferramenta realmente poderosa para moldar nossa sociedade. A propósito, ao escolhermos nossos materiais, processos de construção e quantas pessoas estão incluídas na construção, podemos realmente causar um impacto. Para mim, a pergunta essencial que sempre tenho em mente quando estou projetando e decidindo é: e se sete bilhões de pessoas decidissem da mesma maneira? Isso contribuiria para a justiça social? Para o ambiente? Todas essas questões são centrais porque acredito profundamente que o mundo não está mudando por meio de uma grande decisão. São as pequenas decisões diárias que estão moldando nosso meio ambiente e a sociedade. - Anna Heringer
O projeto da Escola METI ganhou o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2007, utilizando a construção de uma estrutura de bambu sustentável em conjunto com técnicas de construção históricas usando a terra disponível localmente. Anna Heringer é professora honorária da Cátedra UNESCO da Earthen Architecture, Building Cultures, and Sustainable Development, onde se concentra no uso de materiais de construção naturais na arquitetura. Ao longo dos anos, Anna realizou projetos em vários continentes - que vão da Ásia à África e Europa. Junto com Martin Rauch, ela desenvolveu o método "Clay Storming" - brainstorming usando argila - que ela usa para ensinar em várias universidades, incluindo ETH Zurich, UP Madrid, TU Munich e GSD / Harvard.
Para ver mais vídeos de arquitetura, confira a cobertura completa do ArchDaily da série de entrevistas do Louisiana Channel.
Notícias Via Louisiana Channel.